20.8.13

Elementais



[elementos+da+natureza.jpg]

FLECHA MINHA CARA
VENTO
FOICE MEU CABELO
TERRA
BEIJE MEUS OLHOS
FOGO
FIXE MEU SONHO
ÁGUA

SORRIA MEDO
PERNA
DIGA DE TUDO
DEDOS
ESQUEÇA ESPELHOS
PÓROS
LANÇA MÃO
CORAÇÃO
SANGRA UNHAS
AMA

Sensação nua (partes e cores)

Há uma parte de mim
que é louca
muito louca
por você
Há uma cor
que é assim
o verde que habita
os jardins zoológicos

9.3.12

PARATODAS






























Mulheres protestando contra a ditadura militar

PARATODAS

Alben - poeta, séc. XXI, samba-enrêdo

SINTA A PAIXÃO
DOS HOMENS PELAS MULHERES
DE CARLOTA JOAQUINA À CARLA PEREZ
DA PRINCESA LEOPOLDINA À DANIELA MERCURY
MIL PERGUNTAS SEM RESPOSTAS
DE ANITA GARIBALDI À GAL COSTA

SINHÁS NAS CANTIGAS DE MUCAMAS
ANASTÁCIA, VERA, ISAURA, AMÉLIA E ISABEL
BENEDITA, BERTHA, LUANA E NANA
NA CARAVANA LUZIA E LIA
TARSILA ENTRE OLGA E VÂNIA
DE MARIA QUITÉRIA À MARIA BETHÂNIA

JOANAS TÃO ANGÉLICAS
MÃE MENININHA, MÃE SENHORA, MÃE STELA
DEUSAS DO PANTEON
IEMANJÁ, OXUM, NANÃ
DALVA E TANTAS DE QUE NÃO FALO
CARMEM MIRANDA, CLEMENTINA E IVETE SANGALO

ANAYDE, GABRIELA, SÍLVIAS E PATRÍCIAS
LULUZINHAS SEDUTORAS, FASCINANTES
SEM ESCUTAR CONSELHOS
CHIQUINHA GONZAGA,
LUZ DEL FUEGO E CELY CAMPELO

CÁSSIA QUEIRA OU NÃO QUEIRA
ADRIANA, ELIS, REGINA E JUSSARA SILVEIRA
ALICE, HELENA, MADALENA, ELZA E ELBA,
MAYSA, NARA, ZUZU ANGEL, BABY DO BRASIL
SANDRA, MARINA, PAULINHA, ARACI, RÔ RÔ, BIBI, ZIZI E RITA!!!!
SÔNIA, CECÍLIA, MARLENE E EMILINHA
CACILDA, MARGARETE, A MULHER DO PRÓXIMO E A VIZINHA

NÚBIA NO ESPELHO DAS VITRINES,
QUANTO À SIMONE,
DIA DE SOL NO CORAÇÃO
DA FLORESTA,
SONHOS DE CAPITU E CATARINA PARAGUAÇU
PAGU NO PARQUE INDUSTRIAL
IRACEMA E CECI NO CARNAVAL

SENHORAS DONAS DE MIL FACES
ROBERTA, FERNANDAS, TERESA
OPERÁRIAS, DANÇARINAS, FEITICEIRAS
PEPÊ, FAFÁ, CECÉU, NENÉM
QUANTO MISTÉRIO, MINHA FLOR,
MEU GRANDE AMOR,
MEU BEM
ROSA (A) DORA, DORALICE, SUZANA À CLARICE, LEILA,
SHEYLA, ÂNGELA E BEATRIZ
O QUE ELAS QUEREM MESMO É SER FELIZ
MAS ARDE EM FOGO E MÚSICA
A PAIXÃO DOS HOMENS POR ESSAS MUSAS,
ESSAS DIVAS, VIVA TODAS AS MULHERES.

17.11.11

Carro Alegórico




Carro Alegórico


Allben, poeta, século 21, frevo

Todo mundo tem o seu zoológico

suas feras, seu lado ilógico:
O meu é um carro alegórico
nesse parque ecológico


Sob o pendão da esperança
desfilo a mais de mil
abandonado qual crianças
no coração do Brasil


Sigo a levantar poeira
com uma malta de capoeiras,
burgueses comprando
no camelódromo,
desdentados pedindo
escovódromo,
loucos a clamar
por felicidade:
apoteóticos
em todo sambódromo


A classe C abre-alas no shopping
remando contra a maré do doping
A bateria,
de panelas vazias
o coro vem da Detenção:
encarcerados entoam
"liberdade!"
todos de celular e coração na mão


Todo mundo tem o seu zoológico
suas feras, seu lado ilógico:
O meu é um carro alegórico 
nesse parque ecológico


Sob o risco de toda vida:
pegar fogo na avenida
reinventar o enrêdo,
a alegoria, a animação
ter à frente um mestre-sala traiçoeiro
e a porta-bandeira
só na contra-mão


Rodopiando qual baianas
na República de Bananas
índios e assentados
corruptos por todo lado
ambulantes, tantos figurantes
todos na grande arca,
herdeiros da fuzarca
piratas em réplicas delirantes

 (Fantasia do real:

- Será lícito
elucidar a pantomima
desse carnaval?)


Todo mundo tem o seu zoológico
suas feras, seu lado ilógico:
O meu é um carro alegórico
nesse parque ecológico

10.2.11

Um conto inacabado


Albenísio Fonseca

A serpente dorme com ela esta noite. Um relógio estúpido orquestra o tempo na sala enfumaçada. A casa dispõe de apenas dois cômodos. Num deles, um extenso aparato tecnológico torna tudo agradável, como sorriso de criança impossível. Para ter acesso ao cômodo seguinte, antes de mais nada é necessário todo um ritual para livrar-se das enormes teias de aranha e montanhas de poeira. Um sonho secular atravessara aquelas paredes e fixara-se no recinto como uma sombra de concreto e areia. Muita areia.

Amanhecera. Jaíra soltou os cabelos no espelho e correu em direção ao vazio da porta. Chovia e fazia sol. Tornou-se em seu próprio corpo, apanhou os sapatos jogando-os por sobre os ombros. Teria que ir àquele encontro, não havia como furtar-se a ele. Saciar toda aquela ansiedade ainda seria bem mais proveitoso que permitir-se à angústia nos minutos desafinados de depois do encontro. Imagens tantas.

- Sei que vai ser difícil extrair toda a terra que sossobra nos meus olhos, mas haverei de olhá-lo como de uma nuvem. Afinal, esse desejo traça limites no meu próprio sangue. Que seja o precipício desse prazer e nada mais.

Um ônibus cruzara a avenida quando chegou à esquina, uma dúvida sorrateira penetrou-lhe a narina junto com aquele corrente de ar que escapava de tudo em volta. Correu imitando um gesto feliz e percebeu o asfalto frio sob os pés. Tinha que pegar aquele coletivo... Precipitou os passos e gritou num último fôlego para que o veículo a esperasse.

Agora não havia mais sol. No interior do veículo aquele silêncio de motor gerando o deslocamento trazia-lhe o reconforto do ar. Pagou a passagem sem troco, limpou o vidro e se sentiu chuva. Não no asfalto, mas no barro escorregadio, como aquele sentimento nervoso.

Rodolfo Faro fumava um cigarro sorridente. A espera não parecia incomodá-lo, divertia-se olhando as crianças brincarem no parque e permitindo-se ter os olhos transpassados por automóveis ao longo do contorno da pracinha.

Moreno pálido, meio rústico, metalúrgico com pinta de empresário, amassou a ponta acesa do cigarro com o calcanhar do sapato sem a menor contração na face. Pensava nas sobrancelhas. “É preciso acabar com essa relação, dar um fim a todo esse mal entendido. A paixão incendiária que nos envolveu, agora é um sentimento frio”

A chuva veio chegando e algumas crianças corriam seguidas pelas babás. Levantou-se do banco da praça como uma âncora e buscou o porto seguro de uma marquise. Um Volkswagen salpicou de lama sua roupa, enquanto naufragava o sapato numa pequena poça: Havia muito pouca importância em tudo aquilo.

- Imagino que alguém nessa cidade louca e turbulenta deseje traduzir em português arcaico o que diz o trovão. Mas sinto-me apenas como um alvo perfeito para o tiro de um franco atirador. Essa sensação esquisita. Pensava.

Usar o lenço como uma toalha, acender outro cigarro e comprar aquele jornal de Brasília. Curiosidade e sofisticação era um gesto preciso. Folhear as fotografias com olhos distantes, para além da chuva. “Será que ela vem mesmo?”

- Moço, paga um café prá mim?

Retirou do bolso de trás das calças um maço de notas novas e deu sem pena 100 mangos para o guri sem camisa e sem calçado. Não se deixou afetar e voltou a recostar-se concentrando-se na leitura.

- Jornal estúpido, não tem nada de interessante, devia trazer indicações de opção para o caso de desagrado na leitura. Não serve prá nada, de qualquer maneira vou guardá-lo.

Mais um cigarro. Sabia que chagara cedo para o encontro e mesmo sentindo fisgadas de ansiedade, procurava mostrar a si mesmo, talvez no brilho enlameado dos sapatos, a tranqüilidade dos que decidem conscientemente.

Um nariz colado no vidro. Respiração contida. Olhos varando a cidade à cata de algo não exatamente presumível. 8º andar do Edifício Jacqueline. Marconi Sabinada acabara cedo o serviço no escritório e aguardava ansioso o giro do ponteiro no cartão de ponto e que a chuva passasse. O vidro ficara inteiramente turvo, embasado pelo seu hálito de suco de laranja com sanduíche de queijo e uma garrafa térmica quase inteira de cafezinhos.

Pensava como um caleidoscópio. Imagens embaralhadas e um murmúrio intenso de palavras, de vozes. Marconi voltou-se para o espaço milimetrado da sala com os olhos cheios de chuva e riu-se fantasiado sobre a carteira. Donas Luiza e Sandrinha ainda datilografavam os dedos nas cartas de cobrança. Havia 26 clientes em atraso. Andou pela sala como quem dá a volta ao mundo e tornou ao vidro paisagístico da janela.

Lá em baixo, um ônibus parava no ponto para que apenas uma mulher descesse. Sapatos sobre os ombros. Acompanhou sua corrida até que desaparecesse sob a marquise do prédio. A imagem lhe perseguiria até cronometrar o esforço daquele dia de trabalho no papelão do cartão de ponto. Sua memória agira era tão embaçada quanto ficara o vidro

- Meninas, até segunda, bom final de semana. O sábado era sempre assim. O meio-dia indicava-lhe apenas o sinal da fome. Marconi era um sujeito benquisto, boa pinta, agradável, brincalhão, fácil de se por adjetivos.

Tomou o rumo do restaurante. “Mas aquela mulher ali ao lado da porta de entrada do edifício é a mesma que vi ainda há pouco descendo de um ônibus”.

A beleza de Jaíra, por mais que tivesse algo de carinhoso a expressar tomara- lhe como uma bofetada. Sim, uma bofetada dessas que as mulheres nunca sabem dar como a precisão moral que lhe impulsiona o gesto; e que soçobra inútil na esquiva do macho. Aproximou-se. Mas qual, ao lado de Jaíra um sujeito com um jornal embolado sob o braço surgiu como que de uma trincheira impedindo-lhe o caminho. Guardou o sorriso amassando-o sob os dentes, buscou um cigarro no bolso esquerdo da camisa, esquecido do outro ainda apagado no canto da boca. O restaurante. A fome.

A fome. O restaurante. Nenhuma mesa vazia. “Garçom, por favor, me traz uma cerveja, vou esperar vagar um lugar”. A cerveja demora a vir. Dirige-se até à porta e olha em direção à entrada do prédio. Não. O casal não estava mais ali. A rua molhada o corredor estreito do destino sempre tem outra direção desde que nos impulsione o primeiro passo. Um sinal de trânsito: proibido estacionar. “Moço, a sua cerveja, demorou, mas sempre chega”, o garçom bandeja o sorriso em meio à espuma transbordante do copo. Indicou-lhe um lugar vazio no canto sob a fechada da escada, onde uma Brigite Bardot de olhos, cabelo e boca erotizava os apetites.

Alimentado com o feijão e arroz à moda da casa, refez o brilho dos olhos e o vermelho do sangue. A chuva incessante comprometia apenas parte de seu programa: Ir até o Parque da Cidade em busca de um contato com a natureza, o programa de todo sábado. Teria o cinema ou a casa dos primos, um pouco de música em casa ou dormir após a leitura daqueles sonetos de Shakespeare. Estava sem nenhuma relação amorosa, queria uma fêmea. Aquela loira de pele queimada de sol e molhada de chuva agitara-lhe o instinto.

Lançou-se como um míssil em direção à tempestade. O maço de cigarro despencou do bolso esquerdo da camisa azulada como um coelho que saísse da toca e emergisse na cartola de um mágico desaparecido no fundo falso de um baú. Somente perceberia a perda ao parar 30 metros adiante. Sem fôlego. Encharcado. Jaíra ria dele, “meu Deus, como é possível?” O coração não estava no lugar de costume, deveria ter saltado pela boca em direção à mesma poça onde a carteira de cigarro naufragara. Aproximou-se, sem obstáculo.

- Olha, eu estava no 8º andar daquele prédio lá atrás quando você soltou do ônibus”. Jaíra mostrou-se surpresa olhando em direção ao alto. “Mas você estava ainda há pouco conversando lá atrás com alguém?”. Ela disse que sim, “é verdade”. Sinto que aconteceu algo errado, estou certo?”. Ela disse que sim, apenas um contratempo, um acerto de contas com uma pessoa conhecida, mas você está todo molhado, até seu lenço não cabe mais uma única gota...”

Não havia porque esperar a chuva passar...

15.5.09

Coração Artificial

CORAÇÃO ARTIFICIAL

Allben, poeta séc. 21


Ei,

Do mau,

Seu coração

É artificial

Sua perna é de metal

Seu sangue é de gasolina

Com coca-cola por cima

E aquele olhar

fatal


Ei,

Do mau,

Seu coração

É artificial

Nos pulmões

Somente gás letal

A máquina, o organismo

Em todo o

seu ar cínico

De modo capital

Você é mesmo o

Admirável mundo novo

A revelar suas garras

De bronze luminoso


Ei,

Do mau,

Seu coração

É artificial

Sua face de andróide

Seu jeito esquizóide

Beijo e abraço paranóide

Inteligência virtual

Mas eis, o que vedes,

o animal,

o homem de Neardenthal

Mâitre do espetáculo

A mídia

- um dos seus tentáculos -

Em um receptáculo

A ordenar o real


Ei,

Do mau

Seu coração

É artificial

E me seduz

Mais do que ouro reluz

Me compra, me rende

E não se compreende

Se oferece de graça

Mas é pura ameaça

Você é mesmo infernal

Vírus como emblema

A corrupção, o sistema

A falsa moral

Eterna manchete de jornal


Ei, ei, ei

Do mau,

Seu coração

É artificial

Você é uma espécie de estorvo

No universo miraculoso

Longe de sucesso e glória

Mera réplica

Da miséria histórica.


Banal é seu amor,

Sua guerra sem paz

Transtornou todo o prazer,

Reduziu a felicidade

A algo inteiramente

Descartável

Sobre sua pele

De aço inoxidável

Você é toda a ilógica

Essa sociedade hipócrita!!


Ei,

Do mau,

Seu coração

É artificial

25.9.08

LONGE DA PAIXÃO

LONGE DA PAIXÃO

Pode ser que sim

Pode ser que não

Do silêncio grito seu nome
em vão.

Tanto tempo em si,
já é sem razão,
o que faz no coração
a solidão?

Bem melhor assim,
longe da paixão,
se já não tem onde viver a emoção.

Você é prá mim
a melhor canção.
Dói te ver acenando da contramão.

Tudo fica ruim,
essa é a sensação,

quando a saudade vem morar no coração.

Do princípio ao fim,
já sem direção,
sinto o amor a escapar pelas mãos.

Alben.08

30.7.08

Voltagens & Fissuras


Voltagens & Fissuras
(de um rock antigo)


Qual é sua opinião, em?
Está tudo uma fissura geral
Lâmina à flor da terra
dardos soltos na aquarela
relíquias de um sol a sol

Essa é uma outra voltagem
nas veias alegres
da luz da cidade

Coração de arco-íris
o rastro de Aquiles
fissura
no espelho despedaçado,
baralhos, setas e vídeos

- Outra voltagem


Essa é uma outra voltagem
nas veias alegres
da luz da cidade

Agora deixe estar música
tanto quanto possível
sangrar só
bem antes do início

Já disse e é sido
assim, todo ou todas
bocas, línguas e coxas
Sua opinião qual é?

28.5.08

Sob o açoite da poesia

NOITE

SÓ NESSA NOITE

SÓ MESMO A NOITE

QUE EU QUERI

COMO UMA NOITE

DE OUTRA NOITE

QUISERA O DIA

POR TODA A NOITE

MAIS QUE UMA 


NOITE

QUE EM SI FAZIA

SÓ NESSA NOITE

MIL E UMA NOITES

ACONTECIAM

O CÉU SEM LUA

E ESTRELA ALGUMA

SE DIRIGIA

NA NOITE À DENTRO

RUMO AO TEU


CENTRO 

SOB O AÇOITE DA 


POESIA

ALBENÍSIO.97