CORAÇÃO ARTIFICIAL
Allben, poeta séc. 21
Ei,
Do mau,
Seu coração
É artificial
Sua perna é de metal
Seu sangue é de gasolina
Com coca-cola por cima
E aquele olhar
fatal
Ei,
Do mau,
Seu coração
É artificial
Nos pulmões
Somente gás letal
A máquina, o organismo
Em todo o
seu ar cínico
De modo capital
Você é mesmo o
Admirável mundo novo
A revelar suas garras
De bronze luminoso
Ei,
Do mau,
Seu coração
É artificial
Sua face de andróide
Seu jeito esquizóide
Beijo e abraço paranóide
Inteligência virtual
Mas eis, o que vedes,
o animal,
o homem de Neardenthal
Mâitre do espetáculo
A mídia
- um dos seus tentáculos -
Em um receptáculo
A ordenar o real
Ei,
Do mau
Seu coração
É artificial
E me seduz
Mais do que ouro reluz
Me compra, me rende
E não se compreende
Se oferece de graça
Mas é pura ameaça
Você é mesmo infernal
Vírus como emblema
A corrupção, o sistema
A falsa moral
Eterna manchete de jornal
Ei, ei, ei
Do mau,
Seu coração
É artificial
Você é uma espécie de estorvo
No universo miraculoso
Longe de sucesso e glória
Mera réplica
Da miséria histórica.
Banal é seu amor,
Sua guerra sem paz
Transtornou todo o prazer,
Reduziu a felicidade
A algo inteiramente
Descartável
Sobre sua pele
De aço inoxidável
Você é toda a ilógica
Essa sociedade hipócrita!!
Ei,
Do mau,
Seu coração
É artificial
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