15.5.09

Coração Artificial

CORAÇÃO ARTIFICIAL

Allben, poeta séc. 21


Ei,

Do mau,

Seu coração

É artificial

Sua perna é de metal

Seu sangue é de gasolina

Com coca-cola por cima

E aquele olhar

fatal


Ei,

Do mau,

Seu coração

É artificial

Nos pulmões

Somente gás letal

A máquina, o organismo

Em todo o

seu ar cínico

De modo capital

Você é mesmo o

Admirável mundo novo

A revelar suas garras

De bronze luminoso


Ei,

Do mau,

Seu coração

É artificial

Sua face de andróide

Seu jeito esquizóide

Beijo e abraço paranóide

Inteligência virtual

Mas eis, o que vedes,

o animal,

o homem de Neardenthal

Mâitre do espetáculo

A mídia

- um dos seus tentáculos -

Em um receptáculo

A ordenar o real


Ei,

Do mau

Seu coração

É artificial

E me seduz

Mais do que ouro reluz

Me compra, me rende

E não se compreende

Se oferece de graça

Mas é pura ameaça

Você é mesmo infernal

Vírus como emblema

A corrupção, o sistema

A falsa moral

Eterna manchete de jornal


Ei, ei, ei

Do mau,

Seu coração

É artificial

Você é uma espécie de estorvo

No universo miraculoso

Longe de sucesso e glória

Mera réplica

Da miséria histórica.


Banal é seu amor,

Sua guerra sem paz

Transtornou todo o prazer,

Reduziu a felicidade

A algo inteiramente

Descartável

Sobre sua pele

De aço inoxidável

Você é toda a ilógica

Essa sociedade hipócrita!!


Ei,

Do mau,

Seu coração

É artificial

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